Eu tenho desaparecido aos poucos.
Estou sempre por aqui, toda sexta estou em um mesmo lugar e quase todo domingo
estou em outro, mas eu tenho sumido. Alguns amigos perceberam, outros não. Alguns
sabem que eu sou assim e só me esperam voltar, outros não. Nessas fases, às
vezes fico mais próxima de uns que de outros, outros esses que muitas vezes
estão entre as pessoas que mais amo no mundo e eu também não entendo os
critérios. A questão é que eu não conheço ninguém que ame mais a própria
companhia do que eu mesma e passo por fases em que eu tenho extrema necessidade
de ficar só comigo. Isso veio mais forte ainda após uma época em que eu não
podia ser eu mesma sem machucar outra pessoa, sem que minha forma de existir a
ferisse e eu acabasse me ferindo junto por não “poder” ser. Já venho de um
tempo me amando, igual a música de Seu Pereira e coletivo 401, que diz “Mas fui
me armando / Me despindo, me trocando / Me sentindo, me soltando / Varrendo,
arrumando a casa / Mexendo a ponta da asa! / Mostrando que eu tô esperto /
Deixando o portão aberto” e agora só falta a parte do “Para quem quiser entrar”.
Ninguém pode entrar aqui não, não agora. Mas sinto falta do carinho. Sinto
falta de me sentir à vontade abraçando as pessoas. Eu tenho feito novas
amizades, mas notei com tristeza que quando uma delas veio me abraçar, por pura
demonstração de carinho, eu senti como se não tivesse mais em controle dos meus
próprios braços. É estranho. Já faz um tempo isso, muito mais tempo do que eu
gostaria e me pergunto se um dia vou me recuperar. Espero que sim.
Eu tenho desaparecido aos poucos. E. Tudo. Bem.
Eu tenho desaparecido aos poucos. E. Tudo. Bem.